Monday, April 14, 2014

Kitchen readings at Cúirt 2014

Posted by Mayara Floss

         Eu vou começar minha conversa sobre o Cúirt não com um grande autor europeu, mas com um autor brasileiro que viveu muito tempo no que ele chamava de ilha em um canteiro entre as ruas da cidade de São Paulo. Ele escrevia poemas entre o lixo, a cidade e o seu olhos.

ESCRITA DEPOIS DO DIA 23 DE ABRIL 2012:
Identifique,
Quem primeiro disse que não sou paulista?
E minha bagagem, ao longo da existência universalmente inaceitável?
Dá para arranjar substituto com facilidade?
Ass. "O Condicionado"


         Cheguei pela manhã na adorável biblioteca de Ballybane, uma dessas bibliotecas que você chega e não quer mais sair. Uma estrutura exemplar para uma biblioteca em meio a um bairro em Galway, uma das três grandes bibliotecas da cidade (sem contar as bibliotecas universitárias). Cheguei muito cedo e a biblioteca estava fechada, mas vi a movimentação dentro e consegui conversar com um trabalhador e depois que falei que eu iria participar do Kitchen Readings ele deixou eu entrar.

Ballybane library
         Quem também chegou um pouco mais cedo na biblioteca foi o Dave Lordan, o poeta do dia. Eu havia visto Dave Lordan no Poetry Grand Slam na tarde do dia anterior no The Kings Head. E ele tinha declamado o poema "Neighbour", um poema que combina bastante com as relações humanas atualmente, não só dos vizinhos. Começamos a conversar, sentados nas cadeirinhas vermelhas de Ballybane. 

          Logo depois uma bibliotecária chego a Sióbhan, eu já tinha conversado anteriormente por ela via e-mail para poder me inscrever no Kitchen Readings. O Kitchen Readings é um momento muito especial do Cúirt é o momento que algum irlandês abre as portas da sua casa para receber um poeta e mais vários estranhos para passar uma ou duas horas recitando poesias e conversando.

Kitchen Readings
          Ficamos conversando um pouco e logo fomos a pé até a casa da irlandesa que iria nos receber a Margaret Downling. Chegamos e a cozinha estava pronta, algo que me lembrou filme antigo e cozinha de vó, tudo misturado. Ela estava esperando nós com um chá quente em um bule, metade cena de filme e a outra metade poesia. Ela que também é poeta estava com seus livros em cima da mesa prontos para recitá-los também.

Margaret Downling at Kitchen Readings
Margaret Downling at Kitchen Readings
          Fizemos escambo de poemas, ela leu os seus, eu li um meu em inglês e Dave Lordan declamou alguns seus, o poema decorado que em inglês eles chamam "know by heart" que é saber com o coração (ou decorar). As palavras já estavam transpirando em mim por volta daqueles dias, inundavam meu pulmão como oxigênio para as ideias e no meio do Kitchen Reading anotei algumas linhas. 

Dave Lordan no Kitchen Readings
Dave Lordan no Kitchen Readings
Dave Lordan no Kitchen Readings
Poets, poems and people
            Um poema que o Dave Lordan declamou e que eu já tinha gostado do dia anterior foi "Neighbour" que vou tentar fazer uma tradução livre (versão original no site):

Vizinho

Caro cativo-para-uma-vida
Suburbano, anônimo, concreto,
Casa-dos-sonhos-pré-embalada vizinhomeu
Eu não tenho a menor ideia sobre você
Qual éo seu nome
De onde você vem
A quem você pertence
Seja o que for que você faça
Embora eu estou mais do que familiarizado
Com o canto fúnebre e amaldiçoado de seu chuveiro elétrico
Gemendo através de tijolo e cimento entre nós
Todas as manhãs de todos os dias de inverno
Dominados pelo o escuro projeto antes do amanhecer
E eu vim para perdoá-lo o seu gosto musical
No melhor anonimato
Para mim como pobre
E Vizinho, devo confessar
Que quando estou no quintal para fumar um cigarro
Eu às vezes fico a espreitar por cima de sua cerca
E espiar através de suas cortinas
Como os contornos cinzentos deslizam pela mesa e sofá!
Tal mistério! Tal graça!
Como um cisne nas brumas do mouro!
Como um cervo em um bosque crepuscular de carvalho!

Vizinho meu
Companheiro de trabalho duro, companheiro de zumbido
Companheiro como uma abelha de colarinho branco em uma cidade dormitório
Você que ronca e faz amor,
Devora e arrota, mancha-se e lave-se, como eu,
Nas mesmas paredes brancas,
que param o vento,
oitenta quartos,
Movendo-se através do tempo para um destino desconhecido
Você já se perguntou
Quando as suas costas estão contra a parede
Será que as minhas estão também?

Dave Lordan


          O dia estava lindo de sol no começo da manhã, mas quando saímos do Kitchen Readings estava chovendo e como o Dave Lordan falou, o tempo não muda a sua opinião então não dá para valorizar muito ele. Segue abaixo uma Street Performance do Dave Lordan "Surving the Recession":


Voam Abraços,
Mayara

 See more:
- Complete album by clicking here
- Raimundo Poet: https://www.facebook.com/ocondicionado
- Dave Lordan: http://davelordanwriter.com/
- Cúirt 2014: http://www.cuirt.ie/en

--  English Version ---
Kitchen readings at Cúirt 2014

         I'll start my talk about Cúirt not with a great European author, but with a Brazilian author who lived long part of his life in what he called "the island"a intersection of several streets in the city of São Paulo. He wrote poems among the rubbish, the city and his eyes.

WRITING AFTER DAY APRIL 23 2012:
identify,
Who first said that I am not Paulista?
And my luggage along the universally unacceptable existence?
Can you get replacement easily?
Signed "The Conditioned"
 


         I arrived in the morning at adorable library Ballybane, one of these libraries you arrive and do not want to leave.  The Ballybane Library is an example to a library, localized in the middle of a neighborhood in Galway, one of the three city libraries. I arrived very early and the library was closed, but I saw the movement inside and could talk with one worker and after I spoke that I would participate in the Kitchen Readings he let me enter.

Ballybane library
         Who also arrived a little early at the library was Dave Lordan, the poet of the day. I had seen Dave Lordan in Poetry Grand Slam in the afternoon of the day before at The Kings Head. And he had recited the poem "Neighbour", a poem that combines well with human relationships actually, not only from neighbors but for all relations. We started talking, we were sitting in the red chairs in Ballybane.

          After some words a Siobhan a librarian woman who I had previously talked by e-mail in order to enroll in the Kitchen Readings. The Kitchen Readings is a very special time of Cúirt is the time that some Irish open the doors of your home to get a poet and several more strangers to spend one or two hours reciting poetry and talking.

Kitchen Readings
          We talked a bit at Ballybane and then we went on foot to the house of the Irish woman that would get us: Margaret Dowling. We arrived and the kitchen was ready, something that reminded me of old movie and grandmother, all mixed. She was waiting for us with hot tea in a teapot, half movie scene and the other half poetry. She is also a poet and she was with her books on the table ready to recite them for us.

Margaret Downling at Kitchen Readings
Margaret Downling at Kitchen Readings
          We made an exchange of poems she read her, I read a mine and Dave Lordan declaimed his, by heart. The words were already transpiring around me those days flooded my lungs like oxygen for ideas and in the middle of Kitchen Reading I jotted down a few lines.
Dave Lordan no Kitchen Readings
Dave Lordan no Kitchen Readings
Dave Lordan no Kitchen Readings
Poets, poems and people
            Here is the poem that I enjoyed in the Kings Head and at the Kitchen Readings (original in site):

Neighbour

Dear in-hock-for-a-lifetime
Suburban, anonymous, pebble-dashed,
Pre-packaged-dream-house neighbour of mine
I have not got a clue about you
What your name is
Where you hail from
To whom you belong
Whatever it is that you do
Though I am more than familiar
With the cursed electrical dirge of your shower
Moaning through brick and cement in between us
Every workaday morning of winter
In the draught-ridden dark before dawn
And I have come to forgive you your musical taste
In the best left unsung
For mine is as poor
And Neighbour, I must confess
That when I’m out in the yard for a smoke
I sometimes peer over your fence
And spy through your blinds
How the grey outlines glide from table to couch!
Such mystery! Such grace!
Like a swan in the mists of a moor!
Like a deer in a twilit oak wood!

Neighbour of mine
Fellow drudge, fellow drone
Fellow white-collar bee in a dormitory town
You who snore and make love,
Gobble and belch, stain and wash up, as I do,
In the same white-washed,
breeze blocked,
ten by eight rooms,
Moving through time to destination unknown
Do you ever wonder
When your back’s against the wall
That mine might be too? 

Dave Lordan


          The day was beautiful, sunny early in the morning, but when we left the Kitchen Readings was raining and as Dave Lordan said, time does not change your opinion. And I need to agree with him, we lose a lot of energy complaining about the weather. Below is a Street Performance Dave Lordan "Surving the Recession":


Flying hugs,
Mayara

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- Complete album by clicking here
- Raimundo Poet: https://www.facebook.com/ocondicionado
- Dave Lordan: http://davelordanwriter.com/
- Cúirt 2014: http://www.cuirt.ie/en

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